sexta-feira, 29 de maio de 2009

Manifesto: Unidade do campo democrático e popular

O governo Lula, baseado no programa do nosso partido, o PT, inaugurou um momento absolutamente novo na história do Brasil. Conseguiu fazer a travessia do deserto em 2003, livrando-se da herança deixada pelo consórcio PSDB/DEM, preparando o País para distribuir renda e crescer. Nossa política econômica, nossa visão do Estado, do mercado, nossas políticas sociais, nossas prioridades, nossa política externa, nossa visão sobre o papel das instituições estatais permitiram que se abrisse um novo período na história do Brasil, com outra política de desenvolvimento, com outra visão do próprio significado do desenvolvimento. Não bastava crescer. Era necessário crescer, mas crescer para distribuir renda, para melhorar a vida do nosso povo. Usar os recursos públicos para impulsionar esse tipo de desenvolvimento, com os olhos voltados para a maioria. Aquilo que o PT sempre defendeu. Por isso, retirar milhões de pessoas da miséria absoluta é e tem sido o grande feito de nosso governo. Isso só foi possível pela clareza de compromissos do presidente e sua equipe, que sabiam o quanto era importante garantir a estabilidade econômica, debelar a inflação, e, simultaneamente, desenvolver políticas públicas de distribuição de renda, criando um amplo mercado interno, e promovendo o crescimento econômico. Tal como sempre defendeu o nosso partido. O PT, desde o seu nascimento, há quase 30 anos, denuncia o processo cruel, perverso de concentração de renda, de marginalização do nosso povo. Lula, sem dúvida, seguiu a rigor o programa do partido, e levou à frente o maior programa de distribuição de renda do mundo. Em resumo, ultrapassamos a década perdida de Collor e Fernando Henrique, que se notabilizaram pela fúria privatizante neoliberal, pela insistência na desqualificação do papel do Estado, pela sacralização do mercado, pela subserviência aos grandes centros do capitalismo internacional, por uma tentativa insistente em apagar da história feitos como o da construção da Petrobras, objeto neste momento, novamente, de um ataque feroz do tucanato e de seu aliado, o DEM.O discurso do sepultamento da Era Vargas escondia, tanto em Collor quanto em Fernando Henrique, a tentativa de privatizar tudo o que encontravam pela frente. Só não privatizaram a Petrobras, a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, Furnas, entre outras instituições essenciais para o nosso desenvolvimento, porque houve uma forte resistência popular e, também, porque não houve tempo. O povo brasileiro sabia o que estava fazendo quando, em 2002, elegeu Lula presidente do Brasil. Evitou a continuidade da política de terra arrasada do tucanato e do DEM, que quase levou o Brasil à falência. O Brasil, sob a liderança do presidente Lula, e aqui também tomando como referência aquilo que o PT acumulara como política desde o seu nascimento, recuperou sua credibilidade no plano internacional. Fortaleceu as relações com os países da América Latina, Ásia e África, sendo uma voz da unidade com esse campo. A Alca foi derrotada sem estardalhaço, graças principalmente à atitude do Brasil. Encerramos a vergonhosa situação de submissão ao FMI, herdada do tucanato e de seu principal aliado, o DEM. Hoje somos credores do FMI. Era nesse altar que o tucanato ajoelhava-se contrito, pedindo dinheiro a cada crise, endividando o Brasil e tentando perpetuar a situação de dependência dos grandes centros. Nosso governo desenvolveu uma política externa que afirma nossa soberania, e que, para além das políticas públicas internas, só fez crescer a auto-estima do povo brasileiro, hoje orgulhoso de seu presidente e de seu País. Nossa responsabilidade como parlamentares e, sobretudo, como militantes do Partido dos Trabalhadores, é muito grande. Essa revolução democrática, onde se combinam a mais ampla democracia política com políticas públicas capazes de melhorar a qualidade de vida do nosso povo, do nosso ponto de vista, não pode e não deve ser interrompida. Devemos dizer isso ao nosso povo: a jornada de conquistas realizadas até agora, sob hegemonia do nosso partido, e contando sempre com partidos aliados, deve prosseguir. Não podemos permitir que o governo Lula se constitua apenas num fugaz e fulgurante momento de nossa história para depois voltar à esteira da concentração de renda e da submissão aos grandes países do mundo. As grandes transformações requerem tempo. Resgatar a imensa dívida social com o nosso povo requer determinação e políticas públicas comprometidas com isso. O nosso governo nunca perdeu isso de vista. Vamos lutar para eleger a presidenta Dilma sem esquecer que nosso governo, o governo do PT, ao enfrentar a crise da queda do Muro Wall Street, o faz com políticas anti-neoliberais, na perspectiva sempre de um projeto nacional: procurando preservar a classe trabalhadora, lutando para que o País continue a se desenvolver e distribuir renda.Não vamos vender o patrimônio estatal na bacia das almas, não vamos privatizar, e vamos às reuniões internacionais, onde se encontram os dirigentes dos grandes países do mundo, para dizer que os pobres não podem e não devem pagar por essa crise do cassino financeiro global. Por isso tudo, nos sentimos tão a vontade diante do povo brasileiro para conquistar o feito histórico do terceiro mandato de um governo do PT, elegendo Dilma nossa presidenta. Será, sem dúvida, um feito inédito na nossa história. Um feito do povo brasileiro e do PT que nós, sempre ao lado dos partidos aliados, pretendemos continuar. Dar sequência à revolução democrática que apenas iniciamos, para tornar cada vez mais o Brasil um país de todos. Afirmamos nossa responsabilidade política com o coração voltado para o povo brasileiro. Nossas classes dominantes sempre olharam o povo como um adereço na paisagem. Nós, ao contrário, colocamos nosso povo no centro de nossas preocupações, de nossas políticas, de nossas ações.O Brasil cresce se nosso povo cresce junto. O Brasil será grande se nosso povo vive em condições dignas. O governo Lula teve equilíbrio para delimitar as grandes responsabilidades do Estado e aquelas que diziam respeito ao mercado. Recusou, acertadamente, a sacralização do mercado feita pelo neoliberalismo do tucanato, estancou as privatizações, fortaleceu o Estado, e garantiu que o mercado se desenvolvesse sem a pretensão de que pudesse executar as políticas que são do Estado. Nós nos orgulhamos do quanto o presidente Lula foi capaz de interpretar as diretrizes essenciais do PT, ele próprio um dos fundadores do partido. A nossa perspectiva é a de militantes e parlamentares colocados a serviço de um Brasil de todos, militantes e parlamentares de um partido democrático e socialista, guardada e respeitada sempre a pluralidade de pensamento que nos identifica e nos enriquece, e guardada também a unidade política que temos construído ao longo desses quase 30 anos de existência do PT. Continuamos a defender que é necessário, fundamental reforçar e solidificar nossos laços com os movimentos populares, com os trabalhadores de todo o Brasil, com os empregados, os desempregados, os que vivem no campo e nas cidades, os organizados e os desorganizados. Somos o partido da classe trabalhadora em sentido ampliado. O papel do nosso partido cresce agora na disputa eleitoral de 2010. Dois projetos de país estarão em disputa na eleição: o nosso, com toda sua concepção de resgatar nossa enorme dívida social, distribuir renda, avançar na democracia e pavimentar o caminho de uma sociedade que supere as nossas profundas desigualdades e elimine os privilégios, e o do PSDB/DEM, ancorado na lógica privatizante, rendido à exclusividade do mercado e avesso à distribuição de renda, para além de sua submissão aos centros do capitalismo internacional. Para que cumpramos o desafio de liderar, mais uma vez, uma ampla composição de forças que possa garantir a continuidade do nosso projeto, o PT deve lutar, com toda sua capacidade e criatividade, para a unidade política interna. Para tanto, será necessário encontrar aqueles pontos essenciais que nos unificam de modo a evitar uma disputa interna fratricida num momento tão decisivo para o país, para o povo brasileiro. O PT foi uma centelha inovadora na vida da esquerda no Brasil e no mundo. Surgiu e cresceu numa conjuntura de crise do pensamento socialista e de crescimento do pensamento neoliberal. Soube crescer e se afirmar nessa conjuntura, sempre valorizando a democracia e o socialismo, e recusando propostas autoritárias. Agora, com a queda do Muro Wall Street, o PT está chamado a desempenhar um novo papel político, com grande alcance histórico. O PT não pode ser refém de políticas pequenas, de mesquinharias, de guerras de tendências. Não pode se render à luta por cargos na máquina partidária, nem ser patrono de carreiras individuais. Nós temos que ser capazes de empunhar a generosidade de nossa perspectiva socialista e democrática, que orienta nosso pensamento sobre os destinos da humanidade, sobretudo da classe trabalhadora, para dar continuidade à revolução democrática que estamos conduzindo. Para tal continuidade, precisamos eleger Dilma presidenta do Brasil. Assim, nossa política de alianças deve estar submetida a esse objetivo. A nossa vitória em 2010 e a continuidade de nosso projeto político, a continuidade da revolução democrática, estão vinculadas à nossa capacidade de aglutinar os movimentos sociais e populares, de solidificar um bloco de esquerda e de agregar forças políticas de centro, principalmente o PMDB. A esse objetivo principal, estratégico, acrescenta-se o da eleição de uma grande bancada de deputados e senadores. A construção da vitória de nossa candidata e de uma maioria no Congresso Nacional, lado a lado com nossos aliados, devem, em princípio, subordinar os objetivos e interesses regionais e os projetos e carreiras individuais. A aproximação do Processo de Eleição Direta (PED) e do 4º Congresso Nacional do nosso partido nos convida a uma reflexão. A direção partidária, a atual e a futura, tem a responsabilidade de se debruçar sobre o significado e o alcance do governo Lula, avaliar as mudanças que o Brasil e o mundo experimentaram, e formular um programa que proponha avanços sobre tudo o que já terá sido conquistado. O programa para o Brasil será de continuidade, no sentido de prosseguir na política de distribuição de renda, de políticas públicas voltadas para os mais pobres, de uma política externa soberana, mas terá, também, que ser, diante das mudanças já experimentadas, ainda mais avançado. E essa tarefa caberá ao nosso partido, cuja responsabilidade cresce muito nesse momento histórico. Por isso, como militantes e parlamentares, estamos defendendo a construção de um consenso em relação à presidência nacional do PT. A idéia, aparentemente heterodoxa para as tradições de nosso partido, está assentada na grandeza da disputa política que já está em andamento. Há urgência na unidade do partido para essa luta. É o Brasil e seu povo que nos conclamam a essa unidade. O Brasil e seu povo estão nos dizendo que a exacerbação da disputa interna prejudica nossos objetivos maiores, sobretudo o objetivo de garantir que prossiga a revolução democrática iniciada com a vitória de 2002, uma vitória inédita, que nosso partido, com a sua unidade, há de honrar. E a honraremos se conseguirmos construir uma candidatura única à presidência, sem desprezar a necessidade de um alto grau de representatividade da próxima Comissão Executiva Nacional e do Diretório Nacional. O 4º Congresso Nacional será o momento de definirmos melhor nosso papel estratégico, de longo curso. De avaliarmos o quanto já incorporamos à história política de nosso País e do mundo, e o que pretendemos historicamente com o Brasil e o mundo. Desse congresso, certamente, emergirá um novo partido – aquele que resgata tudo que a história já lhe ensinou, e aquele, que diante das extraordinárias transformações do Brasil e do mundo, toma novas posições políticas e teóricas, capazes de torná-lo contemporâneo de seu tempo. Um partido que ouve os ecos da história, das lutas de nossos antepassados, que resgata nossos melhores ideais de luta pela socialismo e pela democracia, e que procura compreender esse novo milênio, as novas relações no mundo do trabalho, a sociedade midiática em que estamos inseridos. Será compreendendo tudo isso que poderemos então continuar nossa caminhada em direção a uma humanidade que abrace a democracia e que persista no ideal socialista.

Brasília, 27 de Maio de 2009

André Vargas Ângela Portela Antonio Carlos Biff Antônio Palocci Arlindo Chinaglia Beto Faro Cândido Vaccarezza Carlos Abicalil Carlos Santana Carlos Zaratini Chico D'Angelo Dalva Figueiredo Décio Lima Devanir Ribeiro Domingos Dutra Eduardo Valverde Emília Fernandes Emiliano José Fátima Bezerra Fernando Ferro Fernando Marroni Geraldo Simões Jilmar Tatto João Paulo Cunha Jorge Boeira José Airton Cirilo José Genoino José Guimarães José Mentor Luiz Alberto Luiz Bassuma Luiz Couto Luiz Sérgio Magela Maria do Rosário Maurício Rands Marco Maia Miguel Corrêa Nelson Pellegrino Nilson Mourão Odair Cunha Paulo Rocha Pedro Eugênio Pedro Wilson Reginaldo Lopes Ricardo Berzoini Rubens Otoni Sérgio Barradas Carneiro Vander Loubet Vicentinho Virgílio Guimarães Washington Luiz Zé Geraldo Zezéu Ribeiro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

PT CE realiza plenária com ex-ministro José Dirceu


A Assembléia Legislativa do estado recebe José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil, neste sábado próximo, 23, às 17h, no Auditório Murilo Aguiar (Av. Desembargador Moreira, 2807. Dionísio Torres). O convite é da Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores e é estendido a todos os filiados.

O encontro tem como tema discutir A crise econômica e os novos desafios do PT para o próximo período. Este ano é a primeira vez que José Dirceu vem à Fortaleza. Antes da plenária, às 16h, Dirceu receberá os jornalistas credenciados, numa coletiva de imprensa.

Serviço
O jornalistas que quiserem se credenciar devem entrar em contato a Assessoria de Comunicação do PT-CE

Contatos
Assessoria de Comunicação do PT-CE:
Roberta França
Jornalista MTE 2189/CE
3454-1313 / 8802-6467

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Projeto Roteiro da fé reúne mais de 200 pessoas


Audiência contou com a presença do secretário das Cidades Joaquim Cartaxo, e do prefeito de Juazeiro do Norte.

Mais de 200 pessoas compareceram na última sexta-feira (15) ao Memorial Padre Cícero para participar da consulta pública do projeto Roteiro da Fé. A audiência contou com a presença do secretário das Cidades, Joaquim Cartaxo, do prefeito e do vice de Juazeiro do Norte, Manoel Santana e Roberto Celestino, da coordenadora do projeto Cidades do Ceará / Cariri Central, Emanuela Monteiro, da presidente do Conselho de Desenvolvimento e Integração Regional do Cariri, Claire Anne Viana, além de secretários municipais, vereadores, representantes do Núcleo de Gestão Sócio Ambiental (NGSA) do Projeto Cidades do Ceará/ Cariri Central, do clero e da sociedade civil.
O secretário das Cidades afirmou que o Roteiro da Fé é uma obra de qualificação urbana de algumas das principais vias do centro de Juazeiro do Norte. Segundo ele, a intervenção irá contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, além de garantir uma identidade e um ordenamento nos acessos aos principais pontos de visitação dos romeiros.
Joaquim Cartaxo afirmou o Roteiro da Fé, a exemplo de todos os projetos que integram a carteira de intervenções do Cidades do Ceará/ Cariri Central estão sendo discutidos com a sociedade. “ Estamos elaborando os projetos e queremos contar com a contribuição de vocês nesta construção”.
O prefeito Manoel Santana afirmou que a implantação do Roteiro da Fé irá ser um marco nas romarias de Juazeiro do Norte. “Temos a oportunidade de tirar do papel este projeto que há tanto tempo o povo de Juazeiro conclama para a requalificação da cidade”. Ele também destacou a importância da participação da popular na consulta pública. “ A idéia é que possamos sair desta consulta com um projeto que atenda os anseios da população de juazeiro”.
A apresentação das intervenções do Roteiro da Fé foi feita pela arquiteta Mariana Furlanni, da empresa responsável pela elaboração do projeto. A idéia do projeto é promover interligação dos principais pontos de visitação dos romeiros e pontos turísticos, com a melhoria dos acessos e do mobiliário urbano, implantação de pontos de descanso, sinalização turística, restrições ao trânsito, entre outras intervenções.
Após a apresentação do projeto, foram ouvidas as sugestões e criticas, além de respondidas as dúvidas da população. Todas as contribuições foram anotadas pelos técnicos da Secretaria das Cidades e da empresa contratada e serão levadas em consideração na elaboração de melhorias e correções do projeto. A expectativa é que a obra do Roteiro da Fé seja licitada no segundo semestre de 2009.
Cidades do Ceará Cariri Central
O Projeto Cidades do Ceará (Cariri Central) é uma ação do Governo do Estado que pretende impulsionar o desenvolvimento da região do Cariri, por meio do fortalecimento das atividades econômicas do turismo e da produção de calçados. Para isso, serão investidos aproximadamente US$ 66 milhões em ações de qualificação territorial, inovação e apoio às atividades produtivas e fortalecimento das gestões municipais e regional.
O Cidades do Ceará (Cariri Central) tem como área de intervenção os municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.


Créditos: Assessoria de Comunicação da Secretaria das Cidades


segunda-feira, 18 de maio de 2009

O cara do cara


Reportagem da Revista IstoÉ desta semana salienta porquê Gilberto Carvalho deve presidir o PT no ano que vem. Leia a matéria de Sérgio Pardellas:


O cara do cara

Ninguém chega a Lula sem passar por Gilberto Carvalho, o nome do presidente para comandar o PT


O chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, é hoje o principal nome para assumir o comando nacional do PT em novembro. Além do apoio de 80% dos quadros do partido, conta com a simpatia de ministros de peso, como Tarso Genro, da Justiça, e Dilma Rousseff , da Casa Civil, e também de personagens que ainda exercem forte influência, como o ex-ministro José Dirceu.

Embora Lula ainda não tenha batido o martelo, nas conversas dos líderes petistas com dirigentes de partidos aliados para discutir as alianças regionais para 2010, a eleição de Carvalho é dada como favas contadas. A certeza é tanta que um dos argumentos dos petistas para vencer o ceticismo dos aliados, como PMDB, PSB e PCdoB, quanto ao êxito das negociações nos Estados, é que Carvalho, na condição de "voz do presidente Lula no PT", terá a habilidade necessária para vencer os obstáculos.

"Ele é praticamente uma unanimidade. Tem experiência política, militância e é um excelente articulador", define o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT), presidente da Helibrás e que também chegou a ser cotado para suceder o atual presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Ex-seminarista e dono de fala mansa, Gilbertinho ou Gil, como é conhecido pelos amigos mais íntimos, é um homem de estilo conciliador. Não por acaso, ele é tido no PT como um dos poucos a possuir a paciência indispensável para negociar com o emaranhado de tendências do partido. Mas sua fama de bom articulador transcende os limites petistas. Para adversários políticos, Carvalho é um interlocutor do governo que cumpre a palavra.

"A candidatura dele será bem recebida por todos nós"
Tarso Genro, ministro

"Ele sempre foi muito respeitoso comigo", atesta o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Autoridade também não lhe falta. Carvalho pertence ao seleto grupo de pessoas que entram no gabinete presidencial sem bater à porta e chamam o presidente de "Lula". Conquistou a confiança em quase 30 anos de amizade. "Pode-se dizer que ele é hoje o mais antigo e leal companheiro dos tempos da República do ABC que ainda permanece ao lado do presidente", diz o ex-assessor de imprensa do governo, jornalista Ricardo Kotscho.

Por isso, o chefe de gabinete é autorizado, mesmo quando Lula está em Brasília, a receber em audiências ministros, deputados, prefeitos e representantes comunitários. Quando querem mandar algum recado ao presidente, é a ele que procuram.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff , sabe da importância de Carvalho para o êxito de sua candidatura à Presidência em 2010. Tanto que defendeu o nome dele para presidente nacional do PT, na noite da terça-feira 14, em reunião fechada, na sede do partido, com a bancada petista de deputados federais. Segundo Dilma, Carvalho "é fundamental para construir a unidade partidária" para a primeira eleição presidencial da qual o PT participa sem que Lula seja candidato.

Há uma preocupação, tanto no PT quanto no governo, de que o partido entre numa guerra de foice e atrapalhe a candidatura de Dilma em vários Estados. Carvalho representa a certeza da unidade. Por exemplo, Tarso apoia o deputado José Eduardo Cardozo (SP), atual secretário-geral do PT, que se inscreveu para a sucessão de Berzoini. Integrante do grupo Mensagem ao Partido, segunda maior corrente petista, Genro admite, no entanto, fechar acordo em torno de uma chapa encabeçada por Carvalho.

"Ele é fundamental para construir a unidade partidária"
Dilma Rousseff, ministra

"A candidatura de Gilberto será bem recebida por todos nós", diz o ministro. A tendência Construindo um Novo Brasil também fez um abaixoassinado defendendo o nome do preferido de Lula. A única voz dissonante é a do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, que já disse que não abre mão de ser candidato.

Mas a corrente dele é minoritária. Outro trunfo de Carvalho é que sua eleição acalma os ânimos de dirigentes dos partidos aliados que ainda estão desconfiados das negociações para as candidaturas estaduais em 2010. Para eles, o próximo presidente do PT precisa ser o fiador da vontade de Lula. Só Carvalho se encaixa perfeitamente a este perfil. Em recente entrevista, ele disse que o PT precisa de "juízo" na hora de fechar as alianças. É tudo o que os aliados mais querem ouvir nesse momento.

Longe dos holofotes e mesmo sem cargo no PT, Carvalho já tem apagado incêndios no partido. Na disputa com o PMDB pelo comando do Senado, por exemplo, foi ele quem articulou o cessar-fogo, mesmo que provisório, entre o senador Tião Viana (PT-AC), o atual presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio. O presidente Lula ainda não deu o sinal verde para o chefe de gabinete.

Primeiro porque tem Carvalho como braço direito. Além disso, por saber que o PT não é um partido fácil de lidar, o presidente tem dito que, para assumir o partido, é necessário que Carvalho tenha a mesma autoridade que ele exerce hoje como um de seus principais assessores. No PT, não resta dúvida. Em novembro, quando ocorrerão as eleições internas, Carvalho será o cara do cara na disputa. O aval do presidente Lula é apenas uma questão de tempo.



Na foto: VOZ DE LULA Entre os concorrentes no PT, só Carvalho tem a confiança dos partidos aliados para fechar alianças nos Estados em 2010