segunda-feira, 24 de março de 2014

Nova Cidade

Por Joaquim Cartaxo

Fortaleza possui padrão de mobilidade fundado no automóvel que garante a expansão da cidade contínua e para todos os lados, sem considerar os custos das redes de infraestrutura de água, esgoto, sistema viário, transporte público para atender esse modelo de crescimento urbano. Regra geral, a análise e planejamento desse modelo acontece fragmentariamente, dissociando uso solo, proteção ambiental, sistema de transporte público de passageiros e circulação de veículos particulares.

Consequências desse padrão são noticiadas diariamente: problemas ambientais gerados pela alta produção de gases poluentes; acidentes de trânsito transformados em questão de saúde pública devido aos alarmantes índices apresentados; engarrafamentos imensuráveis que causam mal-estar e insegurança no trânsito.

Solução para os engarrafamentos: mais vias, mais viadutos, mais rotatórias, mais semáforos com o objetivo de possibilitar ao transporte motorizado mais fluidez. Deriva daí o círculo vicioso: mais vias, mais carros, mais congestionamento, mais vias, mais carros, mais congestionamento...

70% do espaço público das metrópoles estão ocupados pelo sistema viário destinado aos automóveis, que transporta pouco mais de 30% dos habitantes dessas cidades. Isto é privatização do espaço público, a qual concorre para o desaparecimento da vida pública, substituída por um modo de vida mais individualista em que o uso do transporte particular colabora em larga medida.

A nova cidade requer uso do solo, proteção ambiental e circulação pensados, implantados e avaliados de modo integrado; utilização do espaço público como lugar de convivência e não apenas lugar de passagem, de circulação; aumento das áreas de calçadas com conforto e segurança que estimule caminhadas casa-trabalho, casa-lazer, trabalho-lazer; planejamento de tráfego e trânsito que inclua meios não motorizados como bicicletas e priorize o pedestre.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE. 

Guimarães cidadão de Fortaleza

Companheiro José Guimarães que nasceu no Encantado, comunidade rural do município de Quixeramobim - Ceará, receberá segunda-feira (24) o título de Cidadão de Fortaleza, outorgado pela Câmara Municipal. Migrar do interior para estudar, trabalhar e vencer na vida, como diz o ditado popular, marca a história de milhares de jovens cearenses. Guimarães é um desses jovens.

Morador da Casa do Estudante, aluno da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, militante de esquerda no movimento estudantil, lutador pela redemocratização do Brasil nos anos 1980, secretário da gestão Maria Luíza, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, coordenador estadual das campanhas do Lula, deputado estadual, deputado federal, líder da bancada federal do PT, vice-presidente nacional do PT. Possui, portanto, um currículo exemplar de disposição de luta social, política e institucional pela melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro, em especial dos cearenses.

A capital do Ceará o acolheu, lhe deu força e desígnio. Agora, a cidade reconhece que seu filho adotivo não desistiu, não fugiu à luta. Pelo contrário, assumiu a luta como destino, compartilhando seu coração com Encantado e Fortaleza. 


Por Joaquim Cartaxo, secretário de formação do PT Ceará

segunda-feira, 10 de março de 2014

Polo Criativo do Benfica

Por Joaquim Cartaxo

Em Fortaleza, a avenida da Universidade reúne a maior quantidade de equipamentos culturais públicos da cidade: reitoria da Universidade Federal do Ceará, Auditório Castelo Branco, Rádio e Imprensa Universitária, Museu de Arte, cursos de Comunicação Social, de Letras, de Biblioteconomia, de Arquitetura e Urbanismo, centros de Língua Inglesa, Francesa e Alemã, Casa Amarela (cinema), Teatro Universitário, Faculdade de Direito.

Além dessa concentração, essa avenida interliga os bairros Benfica e Centro antigo onde se encontra outro conjunto de equipamentos de valor histórico e cultural significativo.

A quantidade de equipamentos e a proximidade com o Centro credenciam o Benfica como polo portador de elevado potencial para o desenvolvimento de um programa de atividades culturais permanentes de natureza acadêmica, popular e portes variados, capaz de gerar oportunidades socioeconômicas e fortalecer atividades privadas que se realizam em bares, restaurantes, cafés, livrarias, lojas e similares do bairro.

Um caminho para organizar essas oportunidades é a economia criativa com seus ativos intangíveis e simbólicos organizados em um núcleo cultural que congrega as denominadas “indústrias criativas de arte e cultura” cuja criatividade fortalece a economia tradicional.

Desenhar e implantar um programa cultural e econômico para um Benfica Criativo requer parceria público-privada com ativa participação da sociedade; integração e articulação dos sujeitos políticos e sociais, garantindo a diversidade; realização de todas conexões possíveis entre local e global, entre passado e futuro; adoção de cultura diferenciadora que interage com os setores econômicos e, ao mesmo tempo, favorece a formação de um ambiente criativo; priorização de educação, capacitação e investimento em tecnologias; estabelecimento de uma gestão criativa com objetivos e metas claros, realizáveis no médio e longo prazos.

Joaquim Cartaxo é arquiteto, urbanista e secretário de formação política do PT/CE

Iracema, Benfica e Centro Criativos

Por Joaquim Cartaxo

A praia de Iracema, bairro vizinho ao Centro antigo de Fortaleza, reúne predicados histórico-culturais que o potencializam como polo de economia criativa, similar ao polo cultural do Benfica.

Destacam-se como estruturadores desse polo a avenida Monsenhor Tabosa, eixo comercial de artesanato e confecção de grife e popular; a rua dos Tabajaras, eixo de entretenimento identificado por seus bares, restaurantes, casas de espetáculo, boates, butiques; o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, eixo cultural que interliga os dois anteriores. Sublinhe-se nesses eixos os equipamentos educacionais, científicos e turísticos: Planetário Rubens de Azevedo em funcionamento no Dragão e o Acquário do Ceará em construção na Tabajaras.

Territorialmente, os bairros Benfica e Praia de Iracema interligam-se através do Centro antigo que concentra o mais importante patrimônio histórico-cultural e é a principal centralidade econômica e simbólica da cidade. Com tais atributos, esses bairros podem ser reunidos como área de estudo e intervenção de economia criativa, de cidade criativa compreendida como lugar em que a inventividade dos artistas influencia forma e ânima urbana; em que as indústrias criativas (design, música, artes visuais, novas mídias) têm atribuição decisiva na economia, criando identidade urbana, gerando turismo, imagens; a comunidade de pesquisadores das universidades e os nômades do conhecimento somam-se aos artistas e às indústrias criativas.

Há um novo mundo urbano sendo construído pelo fazer criativo, o software da cidade que substitui o predomínio do paradigma da engenharia do desenvolvimento urbano; há os trabalhadores do conhecimento que criam riquezas nas cidades e constituem uma nova classe trabalhadora. Daí a economia criativa, as cidades criativas que requerem política, administração pública, saúde, educação, assistência social com criatividade e inovações sociais.

Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e secretário de formação política do PT/CE.