Acabou a polêmica que se arrastava desde a mudança de comando no PT cearense. O diretório estadual do partido decidiu, ontem, permanecer no bloco partidário que dá sustentação ao governador Cid Gomes (PSB) na Assembléia Legislativa. Por 36 votos a 20, a tese defendida pelo presidente estadual da sigla, Ilário Marques, e pelos deputados Artur Bruno e Rachel Marques, de que o partido necessitava de um líder, foi derrotada. Eleições municipais neste ano, apoio do governador e repercussão na imprensa pesaram na decisão. Foram necessárias mais de cinco horas de reunião no Sindicato dos Bancários, em Fortaleza, para que o diretório estadual encerrasse uma discussão que nasceu ainda no ano passado, durante as eleições do partido. Parte do PT defendia que ele deixasse o bloco partidário -composto também por PSB e PMDB. A idéia não era romper com o governo Cid. O PT, assim como já fazem PCdoB, PHS e PCdoB, por exemplo, permaneceria na base do governador. Para o governo, a perda seria política: o enfraquecimento da espinha dorsal de sua sustentação na Assembléia. Para o PT, a saída do bloco significaria mais autonomia, com um líder próprio e tempo extra para discursos. O bloco foi formado para garantir a eleição de Domingos Filho (PMDB) como presidente da Casa e não permitir que ela fosse assumida pelo PSDB - que seria a maior força do Legislativo se o bloco não existisse. A bancada do PT na Assembléia estava dividida. Rachel e Bruno eram confrontados por Dedé Teixeira e Nelson Martins, que é líder do governo na Casa, e que não queriam que o partido deixasse o bloco. A definição, então, foi levada para o diretório estadual. Um dos argumentos que pesou a favor do resultado final, mantendo o partido no bloco, foi que a repercussão na imprensa poderia atrapalhar as ambições eleitorais da sigla. Segundo a deputada Rachel Marques, o debate tomou uma proporção maior do que deveria. "Não defendíamos ruptura com o governo, mas apenas ter mais autonomia na Assembléia. Mas isso poderia não ficar claro", disse. Além disso, uma das maiores defensoras da manutenção do PT no bloco foi a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins. Segundo pessoas ligadas ao seu grupo, a saída do PT do bloco poderia indispor o partido com o PSB e com o PMDB, além de inviabilizar o apoio do governador Cid Gomes à sua reeleição na Capital. Derrota Foi a primeira derrota do recém-empossado Ilário Marques como presidente estadual do PT. Sua eleição foi apertada, derrotando Joaquim Cartaxo por apenas 60 votos. O que sacramentou a primeira derrota do presidente, ontem, foi o fato de não ter o apoio nem de Luizianne nem do vice-governador, Francisco Pinheiro. "Fui voto vencido, mas pelo menos o debate foi positivo e a bancada irá se reunir regularmente a partir de agora", disse. Durante a reunião de ontem estiveram presentes todos os 56 membros do diretório - Luzianne Lins foi representada por seu suplente - dando a dimensão da importância da discussão. O deputado Artur Bruno ainda tentou propor uma terceira alternativa para ir à votação. Ele queria que o PT, permanecendo no bloco, pelo menos tivesse informalmente um coordenador que articulasse reuniões da bancada na Assembléia e que reunisse os propósitos do partido na Casa. No entanto, a proposta não teve consenso e nem foi a votação.
Fonte: Jornal O Povo
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