por Joaquim Cartaxo
Os processos de urbanização e fluviais possuem relações conflituosas
que se expressam, por exemplo, na visão do rio como estrutura de
saneamento e drenagem; na ocupação inadequada ou irregular das margens
dos recursos hídricos; nas águas funcionando como coletora de lixo, de
efluentes domésticos e industriais; nas cidades invadindo as águas e as
águas invadindo as cidades.
Há ainda os rios que desaparecem
na paisagem urbana. Em Fortaleza, asfaltaram a nascente e a foz do
riacho Pajeú, às margens do qual a cidade nasceu; emparedaram o rio
Aguanambi em um canal de concreto e criaram vias em suas margens; o rio
Cocó é alvo de conflitos entre grupos imobiliários, proprietários de
terrenos às suas margens, e grupos ambientalistas que lutam pela
preservação desse recurso hídrico.
Sobre o Cocó: rio
metropolitano com 45 km de curso; nasce na serra da Aratanha, em
Pacatuba, deságua nas praias do Futuro e da Sabiaguaba; sua bacia
hidrográfica em Fortaleza banha 2/3 do território da capital do Ceará; é
influenciado pelas marés entre sua foz e a BR-116, onde seu manguezal
marca a paisagem de sua orla fluvial de forma exuberante; de um lado e
outro do rio a cidade cresceu, sem conexões que atendam a demanda de
deslocamentos das pessoas; as pontes da avenida Engenheiro Santana
Júnior, da Sebastião de Abreu e da Sabiaguaba são insuficientes e
inadequadas do ponto de vista urbanístico, pois não garantem conforto e
segurança quanto acessibilidade entre os setores urbanos das margens
direita e esquerda do rio.
Equacionar a preservação do
ecossistema do rio e o crescimento da cidade requer criterioso estudo
rio Cocó, amplamente debatido com a sociedade, com o fito de se desenhar
a paisagem urbana a partir da água e integrar os setores referidos.
Isto é um desafio e uma oportunidade para que a cidade de adeque ao rio e
o rio se adapte à cidade, pois o destino de um está preso ao da outra.
Joaquim Cartaxo é vice-presidente do PT Ceará e arquiteto
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