terça-feira, 11 de junho de 2013

Política se faz com desafios


Por Francisco Rocha "Rochinha" e Joaquim Cartaxo

Na Europa e Estados Unidos, a falência do modelo neoliberal provocou uma crise social inimaginável, marcada por alto índices de desemprego, revoltas populares e movimentos de extrema direita. Destaque-se na crise europeia, a taxa média de desemprego em torno de 25%, em que os jovens são perversamente atingidos; no Brasil essa taxa é de 5%, considerado um percentual de pleno emprego.

Na América Latina, partidos de esquerda assumiram vários governos, romperam com a cartilha neoliberal, reorganizaram o Estado, investiram prioritariamente em políticas sociais e os resultados atestam o acerto dessa mudança, apesar das dificuldades socioeconômicas e dos enfrentamentos políticos com as forças conservadoras resistentes ao rompimento com o neoliberalismo.

Todos lembram – embora alguns prefiram esquecer – como foram difíceis o início do primeiro mandato do presidente Lula, que herdou um país quebrado pelos governos neoliberais: desemprego batendo recordes; inflação, dólar e juros disparando, sem crédito no exterior; indústria paralisada, especulação mandando na economia, máquina pública sucateada; ação limitada do Estado no combate às muitas e históricas carências nacionais.

Superamos estas e outras dificuldades. Consertamos a casa, restabelecemos o emprego, valorizamos os salários, combatemos como nunca as desigualdades, fizemos do Brasil um país mais justo e soberano. Também, demos início a um inédito ciclo de crescimento econômico com geração de emprego e distribuição de renda, mudando radicalmente a base da pirâmide social; produzimos políticas públicas em parceria com movimentos sociais, valorizando e ampliando mecanismos democráticos de debates e deliberações.

10 anos depois, o país melhorou e tem rumo porque enfrentamos os desafios de fortalecer o Estado, apostar na força do nosso mercado interno e, sobretudo, priorizar a inclusão socioeconômica de milhões de brasileiros e brasileiras. Os resultados dessa política realizada com desafios são indiscutíveis: geração de 19 milhões de empregos e ascensão de 40 milhões de pessoas às classes de renda C e D.

Desafios que ainda são enormes, diante de uma crise internacional que teima em não acabar, mas o Brasil a enfrenta com políticas de ampliação de investimentos, obtendo resultados que são reconhecidos positivamente por organismos internacionais; no âmbito interno do país, há o compromisso de continuar avançando, aprofundando as transformações, já que, apesar de tudo o que fizemos, e não foi pouco, ainda há muito a realizar.

Qual nosso maior desafio? A política.

Nos últimos anos, aperfeiçoamos a democracia, elegemos e reelegemos Lula, um operário presidente da República; elegemos Dilma para sucedê-lo e, pela primeira vez, na história do Brasil uma mulher comanda os destinos do país. São vitórias do PT, da esquerda e toda a sociedade brasileira, que está mais madura.

O governo da presidenta Dilma tem projetos e propostas para o país que avançam sustentados nas bases socioeconômicas construídas pelos governos do presidente Lula. Entretanto, sublinhe-se: só boa gestão não basta. Junto devem vir a política e a eficiência da comunicação com as massas.

Assim sendo, é fundamental encarar com determinação o tema da democratização das comunicações, trabalhando para garantir a diversidade de opinião e o fim dos monopólios da mídia; da mesma forma, uma reforma política que molde um sistema de representação no qual a população possa participar mais das decisões, bem como que os governos e parlamentares cumpram seus mandatos realizando os projetos apresentados e discutidos nas eleições. Para tanto, é necessário o fortalecimento dos partidos, a formação de maiorias parlamentares programáticas e diminuição da influência do poder econômico no jogo político.

A direção nacional do PT aprovou a Campanha Nacional de Mobilização pela Reforma Política que pretende recolher 1,5 milhão de assinaturas para o projeto de iniciativa popular a ser encaminhado ao Congresso Nacional e cujos pontos prioritários são: financiamento público exclusivo de campanhas, voto em lista preordenada, aumento da participação popular e a maior participação das mulheres na vida pública.

Principal partido de sustentação do governo e do projeto democrático e popular, o PT, além da obrigação de manter-se unido e coeso, precisa desenvolver ações que reforcem nossos vínculos históricos com os movimentos sociais e estreitem relações políticas com as classes médias emergentes que estão conformando a nova realidade brasileira em termos de demandas e valores socioculturais.

Para alcançar os objetivos dessas ações, o PT precisa melhorar sua comunicação interna e com a sociedade, associá-la à comunicação das ações de seus governos, de seus parlamentares e da militância num amplo movimento integrado de fortalecimento do PT.

A continuidade do projeto que mudou para melhor a vida de milhões de brasileiros, e que continuará mudando, depende de nossa capacidade de articular a política com base em desafios, compreender as mudanças passadas, presentes e as que estão por vir e de nos precavermos e desviarmos das armadilhas de percurso que são cotidianas, à direita e à esquerda, no campo da disputa por hegemonia de projeto na sociedade.

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