por Joaquim Cartaxo
Milhares de pessoas nas ruas de cidades brasileiras e infovias do
ciberespaço manifestaram insatisfação com os partidos e políticos em
geral, confirmando os altos índices de rejeição do Congresso Nacional
apontados em pesquisas de opinião.
Há tempos, a
sociedade estava descontente com eleger seus representantes e depois
eles não prestarem conta do que fazem ou deixam de fazer no exercício da
ação parlamentar. Esta autonomização entre eleito e eleitor é ponto
nevrálgico da crise do sistema de representação política brasileiro. Daí
a urgência da reforma política para atender a demanda popular por mais
participação e controle no processo de tomada de decisões, fiscalização e
gestão da coisa pública. Cotidianamente, o assunto reforma política
circula nos plenários, salas de reunião, gabinetes parlamentares,
comissões, corredores e cafezinho do Congresso Nacional. A maioria dos
parlamentares se diz favorável à reforma, mas a arrastam, há duas
décadas, na prática.
Houve propostas pontuais, neste
período, como a denominada “lei da ficha limpa” de iniciativa da
sociedade, importante do ponto de vista do exercício da soberania
popular, porém insuficiente para debelar a crise da representação
política. Por que se arrasta?
Há uma maioria parlamentar
composta por vários partidos a quem interessa manter o atual sistema
eleitoral que garante a conservação de privilégios e reprodução dos
mandatos, bem como interesses dos financiadores de campanhas eleitorais.
Assim, é difícil constituir outra maioria no atual Congresso
com força para realizar uma reforma política com a radicalidade que a
sociedade exige. Que fazer?
Exercitar a soberania popular por
meio de um plebiscito que indague se a população considera necessária a
convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para a
reforma política e se metade das vagas dos eleitos para tal fim deveria
ser ocupada por mulheres.
Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista e vice-presidente do PT/CE
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