terça-feira, 9 de junho de 2015

Em defesa do PED

O texto abaixo é uma contribuição ao debate em defesa do PED como mecanismo de escolha das nossas direções em todos os níveis. Como contribuição está aberto a sugestões dos companheiros e companheiras e adesão através de assinatura, mande a autorização para incluir o seu nome na lista de apoio através de e-mail clicando aqui ou clique aqui para assinar nossa petição online

A primeira fase do Congresso pautou o debate sobre a manutenção do PED na eleição das direções partidárias, através do voto direto e secreto.

Antes de apresentar argumentos em favor da manutenção do PED, é sempre importante lembrar que criar o Partido dos Trabalhadores foi um ato de muita coragem, sobretudo frente a tradição política autoritária e elitista do Brasil.

O PT nasceu para fazer diferente. Mas a maior ousadia foi construir um partido que pudesse abrigar militantes das diversas correntes da esquerda, dos meios acadêmicos, dos movimentos sociais, de setores da igreja católica e de sindicatos, muitos deles sem vínculo com uma concepção política mais acabada.

O partido que juntou toda esta diversidade traçou uma estratégia vitoriosa conquistando corações e mentes. Do ponto de vista interno, estabelecemos uma concepção plural, democrática e de massas. Sempre em decisões votadas e aprovadas por maioria. Nossa estrutura deve ser pensada e formada para atender a estes desafios.

Partido de massas ou um partido de quadros? Um partido tático ou estratégico? Este debate sobre a concepção do PT como um partido de massas e radicalmente democrático, que aparentemente havia sido superado em 1987, pelo 5º Encontro Nacional, que definiu o PT como força política socialista, independente e de massas. Parece estar sempre em questionamento. Principalmente em períodos de crises.

O PED é fruto de um amplo debate realizado no 2º Congresso Nacional e de intensa reflexão a respeito dos limites dos tradicionais métodos de organização partidária na consolidação de um partido estratégico e de massas como se pretendia.

Os antigos Encontros não eram mais capazes de atender à necessidade de expandir o número de militantes do partido e nem de ampliar a sua presença territorial. Era preciso inovar e ousar para dar mais legitimidade e organicidade para as direções.

Neste ano, em plena crise, conseguimos criar 1.500 Comissões Provisórias Municipais. O PT está presente hoje em 84% dos municípios brasileiros, com 1,7 milhão de filiados e filiadas. Nosso desafio é aumentar a participação destes militantes, dando vitalidade às instâncias partidárias e aprimorando os mecanismos já existentes no nosso estatuto que permitem o cadastramento e o recadastramento de filiados e filiadas, principalmente daqueles que não participam mais da vida partidária.

É preciso agora melhorar e tornar mais rápido o processo de filiação ao PT, sem abrir mão da formação política dos novos filiados e filiadas e criar as condições necessárias para ampliar a comunicação do Partido com a militância e para que as instâncias possam organizar atividades partidárias com cada vez mais frequência.

É importante lembrar que o PED serviu como elemento mobilizador da nossa militância em pelo menos dois momentos da nossa história recente.

Em 2005, quando a mídia e a oposição cantavam o fim do PT, mais de 315 mil filiados e filiadas votaram no PED e deram sua opinião sobre os rumos do PT, dando um importante fôlego ao partido.

Depois das manifestações de junho de 2013, o PT estava novamente na defensiva e novamente o PED serviu para mobilizar nossa militância. Naquele ano, mais de 420 mil filiados e filiadas participaram do PED.

O debate que será feito no próximo Congresso não pode ficar limitado ao mecanismo pelo qual serão eleitas as nossas próximas direções.

Não podemos nos enganar. O que está em discussão novamente é o modelo de partido e representação que queremos.

O debate está aberto e precisamos discutir de forma franca e aberta para avançar, nunca retroceder.

Aqueles que defendem o fim do PED estão criando alguns mitos, como por exemplo:

- O PED é burocrático?

Entendemos que a burocracia se destaca na ausência da política. É fato que o PT está com dificuldade na elaboração e na condução política, isto não tem nada a ver com o PED. Também é fato que enfrentamos um deslocamento do centro decisório e isso esvazia as instâncias partidárias.

Uma parcela considerável do partido entende que a recente Reforma Estatuária deve ser avaliada e melhor adequadas à nossa prática. Há ainda aqueles que definem como mero excesso de burocracia, quase tudo que o 4º Congresso aprovou.

Entendemos que este debate não tem nada a ver com o PED. As cotas de etnia e juventude, a paridade de gênero, a formação para novos filiados e filiadas, a participação obrigatória em atividades partidárias e a contribuição financeira através do SACE devem ser defendidas e aplicadas aos Encontros, aos Congressos e a todas as instâncias de direção, eleitas ou não através do PED.

Abrir mão do PED como forma de eleição da nossa direção não pode se transformar em pretexto para colocar novamente em discussão tudo que 4º Congresso aprovou. Em nossa opinião uma ampla reforma estatutária está completamente fora de contexto, neste momento.

- O PED é despolitizado porque a militância não se reúne?

Contudo, é importante afirmar que o PED não excluiu a necessidade de fazermos Encontros. O estatuto inclusive obriga a realização de Encontros a cada dois anos, além da realização de debates e atividades partidárias no processo do PED.

A questão que precisamos enfrentar não é de forma, mas de conteúdo. Nós estamos presenciando hoje o esvaziamento político das nossas instâncias de deliberação.

Nada indica que este tipo de vício possa ser superado simplesmente desistindo do PED como método de eleição.

Caso queiramos formação, debate, atividades partidárias e uma campanha que mobilize os filiados e filiadas, basta cumprir o nosso estatuto.

- Sem o PED teremos mais democracia interna?

Pelo contrário, teremos um retrocesso. Vamos tirar dos filiados e filiadas o direito de escolher os dirigentes através do voto direito e secreto. Seria temeroso fazer isso sem antes realizar um amplo processo de consulta aos filiados e filiadas.

Além disso, sem o PED, não temos dúvida, o número de filiados e filiadas que participarão dos nossos processos internos será cada vez mais reduzido.

Ou seja, vamos caminhar na contramão de tudo aquilo que debatemos nestes 35 anos nos quais sempre defendemos a ampliação do número de filiados participando das decisões.

Se tem problema é possível ajustar o PED?

Entendemos que o PED significa um avanço no processo de organização do PT, que deve ser ajustado para dinamizar e aumentar a participação da militância, sem corromper as deliberações do 4º Congresso Nacional.

O Congresso deve definir os ajustes necessários neste processo, não só no PED, mas na reformulação da organização partidária para combater o centralismo e o mandonismo, devolvendo as prerrogativas dos Diretórios e Executivas na condução da nossa ação política.

É preciso enfrentar o debate a respeito do financiamento do PT. A principal dificuldade enfrentada no PED 2013 foi a contribuição financeira obrigatória dos filiados e filiadas que não ocupam cargo eletivo ou comissionado.

A Contribuição financeira destes filiados é altamente desejável, mas deve ser voluntária, na forma de doação em campanhas que devem ser periodicamente organizadas pelas instâncias partidárias, e não como obrigatoriedade para votar no PED.

E, tão importante quanto, é preciso rever a nossa organização setorial e o funcionamento dos nossos diretórios. Criar instrumentos para garantir a participação das minorias, garantir espaço para grupos de debates e elaboração. Criar instrumentos para a efetiva contribuição da sociedade e para a formação política permanente. Melhorar o processo de filiação. Ampliar o processo de formação. Dar mais capilaridade ao partido. Implantar macros e micros regiões em todos os estados e criar novos Diretórios Zonais em mais capitais.



Assinam o texto:

1. Francisco Rocha

2. Monica Valente

3. Florisvaldo Souza

4. Jorge Coelho

5. Anne Karolyne

6. Laisy Moriére

7. Vivian Farias

8. Jefferson Lima

9. Adamião Próspero

10. Alexandre da Conceição

11. Aline Maffioletti

12. Alzira Silva

13. Amanda Lemes

14. Amilcar Ximenes

15. Anderson Fazolin

16. André Alliana

17. Anselmo Silva

18. Antonia Passos Araujo

19. Antônio dos Santos

20. Arilson Chioratto

21. Carlos Alberto Visotto

22. Carlos Emar Mariuce Junior

23. Ceser Donizete

24. Cláudia Maria Gomes de Souza

25. Claudinei de Lima

26. Enio Jose Verri

27. Fátima Cleide

28. Francisco Carlos Moreno

29. Francisco De Assis Diniz Diniz

30. Gilberto dos Santos

31. Ivan Kuchpil

32. Jackson Macedo

33. João Batista

34. Joaquim Cartaxo

35. Jonathan Monteiro Bernardo

36. José de Paula Santos

37. Kelly Cristina Costa

38. Luciana Rafagnin

39. Manoel Severino

40. Mara de Costa

41. Maria de Jesus dos Santos Lima

42. Maria Joana da Silva

43. Neusa Barbi

44. Paula Beiro

45. Pedro Martinez

46. Regina Cruz

47. Roberto Francisco da Silva

48. Tarciso Vargas

49. Usiel Rios

50. Vanda de Pillar Bandeira

51. Zeca Dirceu

52. Zuleide Maccari

53. Ângela Cristina

54. Benedita da Silva

55. Cássia Gonçalves de Jesus

56. Denise Motta Dau

57. Doralice Nascimento de Souza

58. Fernando Neto

59. Isabel Bampi de Souza

60. Ivanilde Pereira

61. Jaezer Dantas

62. Jussara Lins e Silva

63. Marcelo Sereno

64. Maria Adriana Gonçalves dos Santos

65. Monica Martins Freitas

66. Paula Goiana

67. Ceça Marinho

68. Igor Prazeres

69. Márcio Pedro

70. Priscila Marinho

71. Manoel Carlos

72. Edson Axé 

73. Priscila Galvão

74. Titonho Beserra

75. Neyde Aparecida da Silva

76. Raimunda Nonata da Silva Correa

77. MARIA ADRIANA GONÇALVES DOS SANTOS

78. Cássia Gonçalves de Jesus

79. Andrea Sereno

80. Lili Ho

81. Manuel Muniz Barreto Neto

82. Jackeline Rocha

83. Jakson Andrade

84. Edson Wilson

85. José Carlos Nunes

86. Rodrigo Rocha

87. Clemilde Cortes

88. Paulo Cesar Borba Peres

89. Aécio Leite

90. Fernanda Maria Souza

91. Ricardo Lima

92. Angela Maria

93. Ronaldo Simonetti

94. Penha Barreto

95. Juliander  Alves  Ferreira

96. Ricardo Lima

97. Maria de Fátima Bandeira de Paula

98. Weldes Medeiros

99. Sebastião Ferreira Leite

100. Ludmilla Lima Barreto

101. Milton José Gonçalves Júnior

102. José Marcos de Paula Machado

103. Reginaldo Barbosa Santos

104. Deryk Santana

105. Gricilene Moreira

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